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sexta-feira, 1 de abril de 2011

POSTURA ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES

1. Etimologia.


A Ética é a parte da filosofia que estuda a moralidade dos atos humanos, enquanto livres e ordenados a um fim, ou seja, considera os atos humanos enquanto sao bons ou maus (Arruda, Whitaker e Ramos, 2003).

Por outro lado, a Ética é entendida como um estudo ou uma reflexão, científica ou filosófica, e eventualmente até teológica, sobre os costumes ou sobre as ações humanas. Mas também chamamos de ética a própria vida, quando conforme aos costumes considerados corretos. A ética pode ser o estudo das ações ou dos costumes, e pode ser a própria realização de um tipo de comportamento (Valls, 1994).

1. A questão ética na idade Antiga.

O estudo da ética e suas consequências na vida de todos os indivíduos não eh um assunto contemporâneo, o aprofundamento nesse estudo e em suas consequências datam do período entre 500 a 300 a.C.

Acompanhando a visão do autor Álvaro Valls (1994), o período aproximadamente, demonstra a produção áurea do pensamento grego. Período não só importante para os gregos, ou para os antigos, mas um período onde surgiram muitas ideias e muitas definições e teorias que ate hoje são discutidas e debatidas.

Dessa forma, vemos que a reflexão grega neste campo surgiu como uma pesquisa sobre a natureza do bem moral, na busca de um princípio absoluto da conduta. Esse estudo veem do contexto religioso, eixo principal de muitas ideias éticas, tais como as duas formulações mais conhecidas: "nada em excesso" e "conhece-te a ti mesmo". O contexto em que tais ideias nasceram está ligado aos rituais de adoração no santuário de Delfos do deus Apolo.

Valls (1994) completa seu raciocínio sobre as teorias gregas sobre a ética, afirmando que o grande sistematizador, entre os discípulos de Sócrates, foi Platão (427-347 a.C.). Nos Diálogos que deixou escritos, ele parte da ideia de que todos os homens buscam a felicidade. A maioria das doutrinas gregas colocava, realmente, a busca da felicidade no centro das preocupações éticas. Embora ao pesquisar as noções de prazer, sabedoria prática e virtude, colocava-se sempre a grande questão: onda está o Sumo Bem?

Já na visão de Aranha e Martins (2008), Platão descreve as discussões socrativas a respeito das virtudes e da natureza do bem. Tendo como resultado a convicção de que a virtude se identifica com a sabedoria e o vicio com a ignorância, portanto, a virtude poderia ser aprendida.

Aranha e Martins (2008) prossegue o raciocionio sobre a ética de Platão descrevendo o mito da caverna, onde o sábio eh o único capaz de se soltar das amarras que o obrigam a ver apenas sombras e, dirigindo-se para for a, contempla o sol, que representa a ideia do Bem.

Para concluir temos Aristóteles (herdeiro do pensamento de Platão), o qual aprofunda a discussão a respeito das questões éticas Para Aristóteles, o ser humano busca a felicidade, que consiste não nos prazeres nem na riqueza, e sim na vida teórica e contemplativa cuja plena realização coincide com o desenvolvimento da racionalidade (Aranha e Martins, 2008, pg. 352).

2. A questão ética contemporânea

A partir da modernidade os conceitos éticos e moral se secularizam (viver sem Deus, sem religião, viver o mundo), permitindo a construção de um projeto moral desligado da religião e cujo fundamento se encontra na razão autônoma (Arruda, Whitaker e Ramos, 2003).

Assim, na visão de Valls (1994) , hoje em dia, os grandes problemas éticos se encontram nestes três momentos da eticidade (família, sociedade civil e Estado), e uma ética concreta não pode ignorá-los.

Para o autor Valls (1994, pag. 70, 71 e 72) descreve os três momentos de forma bem características:

1) Em relação à família, hoje se colocam de maneia muito aguda as questões das exigências éticas do amor. E como definir, hoje, o que seja a verdadeira fidelidade, sem identificá-la com formas criticáveis de possessividade masculina ou feminina? Como fundamentar, a partir dos progressos das ciências humanas, os compromissos do amor, como se expressam na resolução (no sim) matrimonial? E como desenvolver uma nova ética para as novas formas de relacionamento heterossexual?

2) Em relação à sociedade civil, os problemas atuais continuam os mais urgentes: referem-se ao trabalho e à propriedade. Como falar de ética num país onde a propriedade é um privilégio tão exclusivo de poucos? E não é um problema ético a própria falta de trabalho, o desemprego, para não falar das formas escravizadoras do trabalho, com salários de fome, nem da dificuldade de uma auto-realização no trabalho, quando a maioria não recebe as condições mínimas de preparação para ele, e depois não encontram, no sistema capitalista, as mínimas oportunidades para um trabalho criativo e gratificante? Num país de analfabetos, falar de ética é sempre pensar em revolucionar toda a situação vigente.

3) Em relação ao Estado, os problemas, éticos são muito ricos e complexos. A liberdade do indivíduo só se completa como liberdade do cidadão de um Estado livre e de direito. As leis, a Constituição, as declarações de direitos, a definição dos poderes, a divisão destes poderes para evitar abusos, e a própria prática das eleições periódicas aparecem hoje como questões éticas fundamentais. Os Estados que existem de fato são a instância do interesse comum universal, acima das classes e dos interesses egoístas privados e de pequenos grupos. Ou são de fato aparelhos conquistados por estes grupos, por uma classe dominante, que conquista o Estado para usar dele como seu instrumento de hegemonia, para a dominação e a exploração dos desprivilegiados? Em outras palavras, o Estado real resolve o problema das classes, ou serve a um dos lados, na luta de classes?

Alem disso, não podemos negar o aumento crescente com relação as discussões éticas, por grupos marginalizados e por minorias que lutam por seus direitos, aumentando assim outros temas que intensificam o debate, como direitos dos imigrantes, obrigações morais com os animais, a questão da eutanásia e do aborto, alem de temas vigentes como democracia, justiça social e direitos humanos.

3. A questão ética empresarial.

Como vimos anteriormente, a Ética e Moral são normalmente regidos por leis e costumes que asseguram a ordem na convivência entre os cidadãos

Na visão de Arruda, Whitaker e Ramos (2003) em seu livro Fundamentos de Ética Empresarial e Econômica, cada organização estabelece um sistema de valores, explicito ou não, para que ocorra uma padronização na forma de conduzir as questões especificas e relativas a seus colaboradores internos e externos, ou seja, todo o publico que de forma direta ou indireta contribuem para o desenvolvimento da empresa.

E mais, o clima ético predominante na instituição deve acompanhar a filosofia e os princípios definidos como básicos principalmente pelos acionistas, proprietários e diretores. Tal clima se materializa em um “código de ética” que representa uma declaração formal das expectativas da empresa a conduta de seus executivos e demais funcionários

Aprofundando um pouco mais o foco na questão empresarial, os autores Arruda, Whitaker e Ramos (2003, pg. 77) relatam que, no final do seculo XX, três razoes pragmáticas são apontadas para que a liderança empresarial seja ética, são elas:

1. Em primeiro lugar, porque os lideres necessitam conquistar a boa vontade dos empregados, de modo que eles ponham seus talentos a serviço dos objetivos da empresa e para isso, os funcionários devem ser tratados com respeito.

2. Segundo, os trabalhadores atualmente possuem mais conhecimentos, detêm mais informação e poder. A ética do líder influencia diretamente na ética dos empregados.

3. Por ultimo, a sociedade em geral não aceita mais o uso coercitivo ou manipulador do poder, de forma que as pessoas não respeitam os lideres, ou não confiam mais neles apenas em respeito ao cargo ou função, mas sim pelo poder exercido com dignidade e responsabilidade.

Finalizando a visão de Arruda, Whitaker e Ramos (2003), temos como diferencial no estudo da ética organizacional a figura do líder, que trabalha pelo bem de todos, que faz com que os outros se desenvolvam humanamente e que procura fazer as coisas bem, conquistando a confiança de seus seguidores. Conseguindo liderar, intuir, antecipar, persuadir e mover seus liderados a colaborar com ele para alcançar os objetivos da organização A capacidade e a atitude de servido do líder fomenta em seus seguidores o desenvolvimento do apreço a verdade e de virtudes como a justiça e amor ao bem. Quando os lideres compreenderem sua capacidade de serviço, o líder terá iniciado sua tarefa de formar novos lideres.

5. A questão ética na gestão publica.

A política constitui-se no processo coletivo intencional de produção de ordem, de instituições sociais, no interior das quais os indivíduos são formados. A ética pública diz respeito às decisões coletivas, às escolhas que pertencem a todos ou cujos efeitos atingem a todos (Silva, 2006, pg. 647). No texto de Silva (2006), Ética publica e formação humana, uma investigação no prisma da ética pública visa à forma pela qual as autoridades públicas repartem, no âmbito das decisões políticas, as vantagens ou desvantagens, os custos e os benefícios, os recursos e os direitos entre membros de uma coletividade. É tarefa de uma ética pública racional avaluar la politique, investigando a concepção de sociedade justa que a sustenta, bem como o critério ou conjunto de critérios que definem o que vem a ser o bem estar e os direitos das pessoas. A discussão da ética pública permite compreender as tendências da formação humana numa coletividade. Expressando assim um mesmo padrão vigente de moralidade

Seguindo a mesma visão Silva (2006) identifica nas sociedades capitalistas contemporâneas, o padrão que direciona as ações humanas, constituindo-se num imperativo, numa necessidade racional, é a lógica do capital, princípio de ação individual, coletiva e pública. É partir dela que são reguladas as atividades humanas. Assim, a moral é pensada como capital social e como tal deve ser formada. São as relações de mercado, a lógica dos negócios, o desenvolvimento de competências adaptativo-competitivas que definem os parâmetros éticos de formação humana, que estabelecem o que é ser autônomo.

E mais, nas sociedades capitalistas recentes, uma relação entre ética pública e formação humana cuja análise mostra os fundamentos morais da concepção de "mínimo social". Esse mínimo define o que a sociedade deve proporcionar a todos, sem o qual uma pessoa perderia a capacidade de se inserir dignamente na vida coletiva. Assim, discutir as políticas sociais a partir da ideia de mínimo social é uma forma de investigar a concepção de justiça liberal

Seguindo as conclusões do autor, no âmbito da ética pública liberal, têm surgido recentemente diversas propostas e programas visando promover a saída das pessoas da miséria. Essas propostas visam fazer com que a "sociedade civil" (terceiros setor, ongs, igrejas, sindicatos e as mais diversas associações) se "auto-organize" para que a miséria seja superada, a partir do desenvolvimento de atividades supostamente autônomas frente ao Estado e ao mercado. Isso estaria condicionado à capacidade do "capital social", na elevação da moralidade, da confiança mútua e da intensidade das parcerias entre os cidadãos. O capital, entendido como fator moral, como "social", se expressa na denominada cultura cívica.

Para Silva (2006), que concilia comunitarismo político e liberalismo econômico, as reformas políticas, a descentralização, tendem a formar cidadãos participativos e autônomos, que não jogam as responsabilidades para o governo, e a gerar confiança mútua, honestidade e a observância da lei.

6. Conclusão:

Através dos autores discutidos anteriormente, observados que a questão ética não é uma questão abrangente da vida moderna, pelo contrario, a questão da ética e moral data dos primordios das civilizações e da criação das cidades.

A primórdio, a Grécia antiga foi o berço das primeiras discussões éticas, principalmente através dos discursos de Platão e de seus sucessores, Aristóteles, Sócrates e outros sucessores.

O dilema ético e moral atravesso os séculos e aportou nas questões comteporânea, sendo os temas mais recorrentes tratados são: Deus, família, sociedade civil e Estado, sexualidade, direitos humanos, entre outros. Sendo que maior questão dos nossos dias é a manter a igualdade entre as pessoas frente a um mundo tao individualizado.

Tratando o tema mais especificamente ao setor do trabalho e as organizações, vemos através de Arruda, Whitaker e Ramos (2003) que as questões éticas adentram ao mundo do trabalho e atinge diretamente o modo de agir das empresas e de seus funcionários. Assim, no mundo corporativo as nuances éticas atingem diretamente a forma como gerenciasse a organização e como lidar com os agentes externos ( acionistas, setor público, clientes, fornecedores, etc.).

Sendo que em organizações que possuem uma cultura ética definida, os agentes internos e externos sabem exatamente como se comporta a organização e possuem bem definido a atuação de cada elemento junto a organização.

No mundo corporativo vemos que tornou-se uma demanda das novas gerações a necessidade de um código de ética claro, no qual os contribuidores sabem exatamente como agir dentro da empresa. Arruda, Whitaker e Ramos (2003) deixa claro que a nova geração anseia por líderes que atuem pautados pela ética e moral.


REFERÊNCIAS

ARANHA, M. L e MARTINS, M. E. Filosofando: Introdução a Filosofia, 3.ed. São Paulo, Moderna, 2003.

ARRUDA, M. C.; WHITAKER, M. C. e RAMOS, J.M. Fundamentos de Etica Empresarial e Economica, 2.ed. São Paulo, Ed. Atlas, 2003.

SILVA, Sidney Reinaldo, Etica Publica e formacao humana, Campinas, Revista Educacao e Sociedade, vol. 27, n. 96, Especial, p. 645 – 665, out. 2006. Disponivel em: http://www.scielo.br/pdf/es/v27n96/a02v2796.pdf

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